Gestão de resíduos da construção civil: Para obrassustentáveis

Você sabia que a construção civil é responsável por até 50% dos resíduos sólidos urbanos no Brasil? É um número alarmante, mas também uma grande oportunidade para melhorar o setor. A boa notícia é que, com a gestão correta de resíduos, não só cumprimos as exigências legais, mas também geramos economia, reduzimos impactos ambientais e tornamos os projetos mais sustentáveis.

No mercado de construção civil, a sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial para se tornar essencial. Reciclar, reduzir e reutilizar materiais são práticas que, além de alinharem o projeto às normas e leis ambientais, podem resultar em redução de custos e agilidade no processo.

Neste post, vamos explorar como você pode implementar uma gestão eficiente de resíduos, os benefícios econômicos e ambientais dessa abordagem, além de detalhar as normas que todo gestor deve conhecer.


O que são resíduos da construção civil (RCC)?

Os resíduos da construção civil (RCC) são gerados durante a construção, reforma ou manutenção de obras. Isso inclui desde sobras de concreto, tijolos e madeiras até restos de materiais elétricos e plásticos. Cada tipo de resíduo exige um tratamento específico e, se não for bem gerido, pode resultar em impactos ambientais negativos.

Entre os principais resíduos, destacam-se o concreto, os metais e as madeiras, que são altamente recicláveis, e o gesso, que exige cuidados especiais devido ao seu baixo potencial de reutilização. A maneira como lidamos com esses resíduos pode fazer toda a diferença na eficiência do processo e no impacto ambiental da obra.


Como reduzir resíduos na obra?

A gestão inteligente de resíduos começa muito antes de derrubar a primeira parede. A chave para reduzir resíduos está no planejamento eficiente. Usar ferramentas como o BIM (Building Information Modeling) permite calcular com precisão os materiais necessários, evitando excessos de compra e desperdício.

Outro ponto crucial é a reutilização inteligente. Por exemplo, tijolos e telhas podem ser limpos e reutilizados, madeiras de fôrmas podem ser transformadas em mobiliário provisório e concreto pode ser britado para base de pavimentação. Com uma mentalidade de reutilização, o potencial de redução de desperdício é enorme.

A reciclagem no canteiro de obras também desempenha um papel fundamental. Metais podem ser separados e vendidos a ferros-velhos, enquanto o concreto pode ser reciclado para novos usos. Cada pequeno passo conta e se soma para uma obra mais sustentável e eficiente.


Legislação e normas técnicas

As normas e leis sobre gestão de resíduos são claras e exigem que a destinação dos RCC seja feita de forma responsável. A Lei 12.305/2010 (PNRS), por exemplo, exige logística reversa e a destinação ambientalmente adequada dos resíduos. Já a Resolução CONAMA 307/2002 classifica os resíduos em quatro classes, de acordo com seu potencial de reciclabilidade e periculosidade.

Além disso, as normas da ABNT (como a NBR 15.112 e NBR 15.114) oferecem diretrizes para o gerenciamento eficiente dos resíduos, desde a sua geração até a disposição final. Seguir essas normas não é apenas uma exigência legal, mas uma garantia de que sua obra estará em conformidade com as melhores práticas ambientais — e com o mercado atual, que exige transparência e responsabilidade.


Destinação correta: o que fazer com os resíduos?

A destinação correta dos resíduos é uma das partes mais críticas da gestão. Os resíduos devem ser classificados de acordo com sua natureza e potencial de reciclagem:

  • Classe A (Recicláveis): concreto e tijolos podem ser reciclados e reutilizados na própria obra ou em outras construções.
  • Classe B (Perigosos): tintas, solventes e outros produtos químicos exigem tratamento especializado.
  • Classe C (Não recicláveis): gesso e lã mineral devem ser enviados a aterros específicos.
  • Classe D (Demolição): madeira tratada e amianto devem ser incinerados de maneira controlada.

A logística dentro da obra é tão importante quanto a destinação. Segregar resíduos desde o início e armazená-los corretamente evita a contaminação e facilita o transporte para o destino final. Contentores coloridos, como o vermelho para metais e o verde para madeira, ajudam a organizar e separar os resíduos de forma eficiente.


Benefícios da gestão sustentável de RCC

A gestão sustentável de resíduos não é apenas uma questão de conformidade legal, mas também de economia e competitividade.

Economicamente, a redução de desperdício e a reciclagem de materiais podem resultar em uma redução significativa de custos. Além disso, a venda de materiais recicláveis pode gerar receitas extras.

Ambientalmente, ao reciclar e reutilizar materiais, você reduz a extração de recursos naturais e diminui o volume de resíduos enviados para os aterros sanitários, contribuindo para um futuro mais sustentável.

Por fim, a gestão correta de resíduos pode se tornar um diferencial competitivo para sua empresa, ajudando a conquistar certificações como o LEED e o PBQP-H, além de melhorar a imagem da marca no mercado.


Como implementar na sua obra

Implementar uma gestão de resíduos eficiente na sua obra é mais simples do que parece, e os benefícios são incontáveis. Aqui vai um checklist para garantir que sua obra esteja no caminho certo:

  • Planeje com BIM e estoque controlado para evitar excessos.
  • Separe os resíduos por tipo desde o início da obra, utilizando contentores adequados.
  • Recicle concreto, metais e madeira para reduzir desperdícios e custos.
  • Documente todo o processo conforme as diretrizes da PNRS.

Agora, é hora de dar os próximos passos:

  • Treine sua equipe em boas práticas de gestão de resíduos.
  • Faça parcerias com usinas de reciclagem locais para destinação correta e prática.

Com planejamento e educação ambiental, sua obra pode ser não apenas eficiente, mas também ecologicamente responsável e economicamente vantajosa.